Se o desenho é a essência, as bordeiras serão a alma.
São mulheres simples mas dotadas do domínio de uma técnica secular, que habitualmente lhe foi passada pelas suas familiares mais diretas, mães ou avós.
Mas para se bordar bem, não basta apenas conhecer a técnica, é preciso ter dom e brio.
Fazer Bordado Madeira acarreta muita dedicação, entrega e tempo, pois trata-se de uma atividade manual cujas “ferramentas” são a agulha e a linha e cada desenho implica um considerável número de pontos, uns mais simples, outros mais elaborados, mas todos dados com minúcia e precisão.
O número de horas que é necessário dedicar a cada peça é incontável, pelo que é impossível determiná-las e por isso estas mulheres são pagas pelo número de pontos e não pela carga horária de trabalho, para além de que, apesar de ser uma atividade realizada com gosto, é praticamente impossível realizá-la seguidamente dentro dos parâmetros dos conhecidos horários laborais.
É um trabalho exigente, que obriga a que seja adotada uma posição física que limita os movimentos, bem como um esforço considerável da visão, factos que justificam que as bordeiras desenvolvam a sua atividade em casa e que a maioria seja das zonas rurais, o que lhes permite combinar esta atividade com as lides agrícolas e domésticas.
Bordar na Madeira foi e continua a ser uma atividade complementar, que permite auferir algum rendimento que suporta a economia familiar.
Atualmente o número estimado de bordadeiras ascende a cerca 3.000 e estão todas abrangidas por proteção laboral e social.